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30.12.06

Capo d'Ano

«Escrevi pouco e agradar-me-ia ter escrito menos.»
Cristina Campo
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Chamar-te-ia Daniel, rapaz que te levantaste contra as mãos a arder de vidro, unhas de frio. Rapaz de sobretudo e mais tarde, certamente, homem-quente de nome solene, debroado a ouro. Teu nome sempre chamou ao deserto, teu nome que o povoou e sobre o qual foi dito: Tiveste o que era teu. Daniel.
Mas que importa o retrato de um rosto que há-de vir? Ainda não vieste, e eu estive perto de não te esperar. Quase me convenci que possuia o que possuo. Quase me perdi toda na espiral do número bonito. Maldita roleta, puta, mil vezes rodada. Por um triz.
Se os holofotes se acendessem, se os holofotes se acendessem, não verias muito mais que um par de mãos transparentes - Não há origem pra lá do sonho, um gesto. Ou talvez me baste muito pouco pra esbracejar contra a atenção. Respiro ao desbarato. A ascese, que luxo! Basta-me tão pouco pra acabar com a poesia:
Mas poder escrever, uma única vez na vida, alguma coisa que recordasse, ainda que longinquamente.
Daniel.

m | 1:54 PM |

28.12.06

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A estrela dorme. Incho de inveja amarela perante a aparição da cadela refastelada ao sol. Isto é, comovo-me. Ela dorme como todos os cães - despojada do mundo.
E na verdade se choro é porque eu também já dormi assim, e ainda está sol, e dou-me conta que em breve perderemos a graça que temos. A graça de nada ter. A hipótese de nos redimirmos do mundo pelo sono. (ao relento) .

m | 11:59 AM |

25.12.06

a missa da gente

imagem: pedro bandeira
projectos específicos para um cliente genérico

carolina | 1:11 PM |

24.12.06

93

carolina | 12:45 PM |

16.12.06

Se começou há-de acabar. Sabe como é. Não é preciso que uma pessoa se aproxime muito. Está de pé e depois ajoelha. E esquema é antigo. Mas não o percebe. Mesmo que seja lento, mesmo que se demore muito tempo. Não importa quanto tempo. Mantém sempre a mesma ordem, mas também podia não a manter. Podia ter outra. ou a sua. Tem sempre outra. Tem sempre a sua. Isso é sabido. Tudo é sabido. Tudo isto é sabido. Sabe-se por onde começar e sabe-se como acabar. Mas também nunca se sabe. Todo o esforço consiste em reduzir o imprevisível.(...)Assim fica tudo na ordem. As formas são reveladas na sua dimensão real. Pouco a pouco o nevoeiro instala-se. Aí onde tudo parece, pouco a pouco deixa de parecer. Pouco a pouco nada parece. Pouco a pouco. Sem que ninguém o perceba. Quase docemente. Não há outro modo. O ferro permanece ferro mas o modo é suave. Imperceptível. Inconcebível. À vista dos outros. Não existe outro mas sempre à vista do outro. É este o objectivo. Por etapas. As pernas cedem e depois segue-se o resto do corpo. Os olhos estão abertos mas não vêem. Não vêem o que vêem. Como se as lágrimas os afogassem. Afogam-se os olhos. Arregalados, quase fora das órbitas, já não podem ver. É isto. Sabe-o bem. Indescritívelmente simples. Incompreensível. Todos os percebem. Todos o aceitam. Que outra coisa podem fazer? Só há isto. Suavemente. Docemente. Progressivamente. Por último cai a cabeça. Não. É a primeira a cair, mas o que cai por último é a cabeça. A cabeça é o que cai primeiro. E por último.

A Vertigem dos Animais Antes do Abate, Dimítri Dimitriádis

m | 9:09 PM |

15.12.06

Friday Night Baby

Porque É Que Hoje Não Vou Dançar, com a graciosidade do boi-bunilha, e transcrito na íntegra:
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hoje sou do vento que embate
contra as janelas pujantíssimo,
enorme,
erguendo-se contumaz contra
prisões, casas e conventos, sou dele,
e por isso não posso ir dançar para a
beira do rio. Ele não quer que eu vá.
E como isto não é o da Joana
eu não vou.
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m | 9:32 PM |

do exílio

A: Quando anda nestes campos, vai ali com as ovelhas, vai plantar a cerejeira...
L: Nao tenho consciência. Mas depois dou-me conta de que o modo como vejo isso e sempre ficção
A: Por que passou 13 anos neste sítio? O que e que ele lhe dá? (José Luandino Vieira deixa Angola para o Minho em 1993)
L: Dá-me o total corte com Angola, o que faz com que eu esteja sempre em Angola.
A: Dá-lhe a Angola em que pode inventar?
L: A que conheco, em que vivi, a que me vai dando alimento. Se vivesse em Lisboa, fatalmente encontrava os meus compatriotas na rua, nas obras, no metro, e isso é que faz com que se produza A ideia do exílio

entrevista a Luandino Vieira no Milfolhas

carolina | 8:19 PM |

10.12.06

A Maravilhosa Bestialidade Alegria Contida Do Desenho (três)


João Tengarrinha (da série) O som da relva IV, 2006

m | 12:42 PM |

Lisboa, Março-53

Meu caro; muito amigo e muito Querido Amigo; queridíssimo companheiro; etc; etc; etc
Estou um momento de remorsos e já mordo o braço por ainda não ter conseguido fazer-te chegar notícias. Mas há lá explicação que se acredite para uma coisa destas! (...) Este nogócio das urgências vai-se apertando tanto que tomba tudo num grande mar-morto
- o mar com que nos brindam porque dissemos que não? Não há nem haverá, claro que sabes isso, algo que se pareça com falta de resposta. Para ti então!!! Há é vida adiada
- um negócio de bruxas!
Saberás que subi, por adaptações múltiplas, à vagabudagem escolhida-forçada, e estou num ponto magno da magnífica curva. Um pouco mais adiante
- e desapareço (...)

carta de Mário Cesariny a Cruzeiro Seixas

carolina | 12:21 AM |

9.12.06

Vou contar-te um segredo mas não digas a ninguém porque a Susaninha não gosta que se saiba: o pai dela é vendedor de uma fábrica de enchidos.
Mafaldinha

m | 2:53 AM |

7.12.06

carolina | 6:26 PM |

5.12.06

olhinhos-de-ver

A way of certifying experience, taking photographs is also a way of refusing it - by limiting experience to a search for the photogenic, by converting experience into an image, a souvenir.
Travel becomes a strategy for accumulating photograpahs. The very activity of taking pictures is soothing, and assuages general feelings of disorientation that are likely to be exacerbated by travel. Most tourists feel compelled to put the camera between themselves and whatever is remarkable that they encounter. Unsure of other responses, they take a picture.

Susan Sontag

m | 4:16 PM |

teenage post

burn mother-fucker, burn

m | 4:00 PM |

3.12.06

imagem: Abigail Lane ................ .................... .......Nestas estruturas/edifícios cuja significação não é reconhecida como merecedora do estatuto de património, a questão da recuperação do seu uso e função, não é, ao contrário do que se poderia à partida pensar, apenas economicista ou de gestão de custos, de custos de demolição, remoção de destroços e impossibilidade de recicla-los. Fazem parte de uma memória colectiva sentida e reconhecida individualmente num nível intermédio de relação de cada um com a cidade. Digo intermédia porque não sendo intimista compõe o referencial espacial do quotidiano de cada indivíduo. Isto porque as estruturas inactivas mantêm até lhes ser conferida uma nova função, a sombra, ainda que distante, da função efectiva para a qual nasceram e é essa que permanece na memória.

carolina | 2:01 PM |

2.12.06

a distância de um dia ............... ............... .... ...... ... .......... .......... ............. .............. .......... ...... ... ........... ................... ........ ... ............ ........................ ....................... ................... . ......... .... .................. .......... ............ .............. .................. . ...................... ..... ...... ......... ......... ... .......... . ............................................................ ............. .............. .... ................ . . ...................... . .......... ..... ......... ................................ . . ........ ................................... ......... ............. ............. ................... ................. ........ . ....... . .... ... ............. ............ ................. .. ......... ......... ........ ........ ....... ............ ............... ................ .............. ............. . ....... .. ...... ........................ .... ............. .................. Cabrita Reis CAM

carolina | 6:39 PM |

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(...)
O amor é uma coisa, a vida é outra
(...)
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Miguel Esteves Cardoso (e então? que se lixe)

carolina | 6:36 PM |

A Maravilhosa Bestialidade Alegria Contida Do Desenho (dois)



Cornelia Parker Poison and Antidote Drawing 2005
(black ink with snake venom, white ink with antivenom on paper)

m | 2:44 PM |

bardamerda

Ho una malatia. Ma non devo pensare cosi, devo pensare: tutto quello che mi succede... è la mia vitta.

m | 2:41 PM |

1.12.06

A Maravilhosa Bestialidade Alegria Contida Do Desenho (um)

Pedro Sousa Vieira, 1992

m | 6:00 PM |


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