principalmente
« Home | ...A estrela dorme. Incho de inveja amarela perant... » | a missa da gente » | 93 » | Se começou há-de acabar. Sabe como é. Não é precis... » | Friday Night Baby » | do exílio » | A Maravilhosa Bestialidade Alegria Contida Do Dese... » | Lisboa, Março-53Meu caro; muito amigo e muito Quer... » | Vou contar-te um segredo mas não digas a ninguém p... » | »
30.12.06
Capo d'Ano
«Escrevi pouco e agradar-me-ia ter escrito menos.»
Cristina Campo
.
.
Chamar-te-ia Daniel, rapaz que te levantaste contra as mãos a arder de vidro, unhas de frio. Rapaz de sobretudo e mais tarde, certamente, homem-quente de nome solene, debroado a ouro. Teu nome sempre chamou ao deserto, teu nome que o povoou e sobre o qual foi dito: Tiveste o que era teu. Daniel.
Mas que importa o retrato de um rosto que há-de vir? Ainda não vieste, e eu estive perto de não te esperar. Quase me convenci que possuia o que possuo. Quase me perdi toda na espiral do número bonito. Maldita roleta, puta, mil vezes rodada. Por um triz.
Se os holofotes se acendessem, se os holofotes se acendessem, não verias muito mais que um par de mãos transparentes - Não há origem pra lá do sonho, um gesto. Ou talvez me baste muito pouco pra esbracejar contra a atenção. Respiro ao desbarato. A ascese, que luxo! Basta-me tão pouco pra acabar com a poesia:
Mas poder escrever, uma única vez na vida, alguma coisa que recordasse, ainda que longinquamente.
Daniel.
|