principalmente
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25.9.07
A mulher que cantava às árvores
para a Aninhas,
A gente sabe muito pouco do amor. Uma mulher, que cantava pregões romeiros à Virgem escondida entre a folhagem, trazia um pão com manteiga e um mil nove e vinte na sacola. Não trazia soutien, que quando algum curioso invadia o santuário, eu via-lhe o já reconhecido gesto brusco e doce da camisola de malha precipitada para cima.
E canta que se desunha, a mulher. Canta bem, a minha desavergonhada devota no canto do jardim. Mas principalmente, canta alto ao deus dará. Olhe que Deus não dá, minha senhora louca e febril como uma sereia, toda assim atracção e repulsa. O borde da loucura? Sei lá eu que língua se fala numa fronteira. A única loucura é pensar que a loucura (a vida) começa. Ou termina.
Bordas, sabemos lá das margens da vida.
Ou do furor.
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