principalmente
« Home
31.5.07
a minha irmã maria
a tua irmã maria
a tua irmã,maria
25.5.07

First night in shelter
23.5.07
oh beleza austera,
Laib
17.5.07
WARE TO KITE ASOBE YA OYA NO NAI SUZUME
.
.
.
.
.
Vem brincar comigo,
pardalinho sem pai nem mãe.
Issa.................................................................
.
.
15.5.07

Estrelinha
Regulus regulus
.
.
.
Meu recente e sincero amor traz-me uma atenção delicada, vira sem espalhafato as minhas órbitas para o céu, mas ah os pormenores são tão excitantes. A estrelinha, por exemplo, com um estômago não maior do que um feijão, atravessa a voar o mar do Norte!
.
.
.
....Sobre sabedoria:
o que Francisco fala com os passarinhos não pode ser traduzido para a inteligência que fala sobre Francisco.
.
...
9.5.07
IT is mine, all mine
My First Gilbert & George
7.5.07
Meu caro senhor,
.
Nego com veemência qualquer semelhança com essa mulher que sorri e apenas ama a Deus, mas por favor, não deve, de maneira alguma, acreditar na minha palavra.
Obrigada.
Sim, sou uma amante de aves porque me parecem, de todos os seres da criação, os mais próximos do puro espírito- essas critaturinhas com uma temperatura normal de 51 graus.
.
.
atentamente,
.
sua leitora
4.5.07
bang bang
Transcrevo os poemas onde os altamente inteligentes os tremendamente alheados do mundo podem ver pra lá do enigma o claro mapa da minha desolação. Não me divirto com a poesia como pensas. Mesmo na fila da lavandaria, entre cuecas alheias, sei poemas de cor. Mesmo em frente à tua cara sei poemas de cor. Par coeur. Deixa-me gozar as pequeninas vantagens que é ter o último lento degelo em vez do coração. Uma destas vantagens é o gotejar- enlouquece se se puser à escuta, mas procuro manter-me longe
dessa manía de agora que é a introspecção. A vantagem é que jamais se morre à sede.
Tudo é, enfim, muito fácil de perseguir.
Deixo as pistas como uma criança desastrada de joelhos esfolados, que foi a única que vi.
Se tivesse um megafone provavelmente não o usaria. Acredito que ninguém persegue um grito.
Ouve-me, quando vierem pedir-nos contas pelo nosso crime não esperes as sirenes para fugires com a mala por fazer, os trapos por amealhar, a fuga com ou sem rastro. Não esperes porque surpreender-nos-ão no epicentro deste incêndio. As mãos no fogo, na massa originária desta deflagração.
Se ficares é pra morrer à queima.
Nem sequer teremos dos cães a sorte de que ladrem furiosamente ao longe, em aviso.
Temo que apenas bastem as reincidentes arias que oiço em repeat no gira-discos para que nos apanhem. Mozart, esse cabrão sublime, chega a traír por muito menos que trinta moedas. Trinta
RPMs. Nem isso.
Temo que bastem os gestos tão imperfeitamente domésticos para indicar as precisas coordenadas do nosso esconderijo. Lugar onde aliás, nunca fomos felizes. Era o pânico miúdinho das ante-manhãs com as camisas sujas de sangue e as mãos acesas que nos cosia à tensão e nos mantia os corpos colados pela seiva espessa daquele desejo atordoado, próprio da fuga.
Ah e eu já sabia tudo isto, que tu não ficarias.
Prologo Per La Puttana di Closing Town
Bella è la puttana di Closing Town, bella
neri i capelli della puttana di Closing Town, neri
ecine di libri nella sua stanza al prima piano del saloon
li legge quando aspetta
storie con un inizio ed una fine
se glielo chiedi, te li racconterà
giovane la puttana di Closing Town, giovane
tenendoti tra le gambe ti sussurra, amore
diceva Shatzy che costava come quattro birre
sete di lei nei pantaloni di tutta la città
si chiamava Fanny
tutti l'amavano ma solo uno l'amava
ed era Pat Cobhain
lui restava di sotto, beveva birre e l'aspettava
quando tutto era finito lei scendeva
- Ciao Fanny
- Ciao
Andavano avanti e indietro dall'inizio della città alla fine
tenendosi stretti nel buio e parlando di quel vento che non finiva mai
- Buonanotte Fanny
- Buonanotte
Aveva diciassette anni Pat Cobhain
verdi gli occhi della puttana di Closing Town, verdi neri.
Alessandro Baricco
tiens.
se souberes ver,
se admitires que tudo é uma questão de atenção,
se apenas me olhares com a demora do teu amor.
Peço não me insultes e não procures as óbvias frases sublinhadas. Não serão precisas. A selecção será tão cuidadosa, as instrucções que dei ao poema tão claras, que quando for o teu verso - aquele que o poeta e depois eu e depois ele por cima, deixou para que tu lesses, quando for o teu verso ele se agarrará de tal forma ao teu externo, que o poema inteiro deixará de existir, e o verso, o verso que é teu será sussurrado pela minha voz ao ouvido da tua cadência. De tal forma, em tal ângulo incidido, que verás, daqui a uns anos não saberás mais o meu nome, esquecerás que respirei pela tua boca, perderás enfim tudo o mais que dá a vida. Mas a frase cadenciada que esses versos inscreverão em ti se tornará tão primordial,
tão antiga, que quando os disseres enfim em voz alta, é a tua voz que ouvirás.
Autografia
sou um homem
um poeta
uma máquina de passar vidro colorido
um copo uma pedra
uma pedra configurada
um avião que sobe levando-te nos seus braços
que atravessam agora o último glaciar da terra
o meu nome está farto de ser escrito na lista dos tiranos: condenado
à morte!
os dias e as noites deste século têm gritado tanto no meu peito que
existe nele uma árvore miraculada
tenho um pé que já deu a volta ao mundo
e a família na rua
um é loiro
outro moreno
e nunca se encontrarão
conheço a tua voz como os meus dedos
( antes de conhecer-te já eu te ia beijar a tua casa )
tenho um sol sobre a pleura
e toda a água do mar à minha espera
quando amo imito o movimento das marés
e os assassínios mais vulgares do ano
sou, por fora de mim, a minha gabardina
e eu o pico Everest
posso ser visto à noite na companhia de gente altamente suspeita
e nunca de dia a teus pés florindo a tua boca
porque tu és o dia porque tu és
a terra onde eu há milhares de anos vivo a parábola
do rei morto, do vento e da primavera
Quanto ao de toda a gente - tenho visto qualquer coisa
Viagens a Paris - já se arranjaram algumas.
Enlaces e divórcios de ocasião - não foram poucos.
Conversas com meteoros internacionais - também, já por cá
passaram.
Eu sou, no sentido mais enérgico da palavra
uma carruagem de propulsão por hálito
os amigos que tive as mulheres que assombrei as ruas por onde
passei uma só vez
tudo isso vive em mim para uma história
de sentido ainda oculto
magnifica irreal
como uma povoação abandonada aos lobos
lapidar e seca
como uma linha-férrea ultrajada pelo tempo
é por isso que eu trago um certo peso extinto
nas costas
a servir de combustível
e é por isso que eu acho que as paisagens ainda hão-de vir a ser
escrupulosamente electrocutadas vivas
para não termos de atirá-las semi-mortas à linha
E para dizer-te tudo
dir-te-ei que aos meus vinte e cinco anos de existência solar estou
em franca ascensão para ti O Magnifico
na cama no espaço duma pedra em Lisboa-Os-Sustos
e que o homem-expedição de que não há notícias nos jornais
nem
lágrimas à porta das famílias
sou eu meu bem sou eu
partido de manhã encontrado perdido entre
lagos de incêndio e o teu retrato grande!
Mário Cesariny
2.5.07
1.5.07
.
.
.
.
.
.
.
.
dai-nos Senhor a graça de uma vida devastada pelo amor, mas livrai-nos do medo de ver a prece atendida, amén.
.
.
..
.
.
.
.