principalmente
« Home | ROMAMOR » | Nha Cretcheu Futebol Clube » | Aqui & Agora » | He stood up. I stood up. He put out a lean hand. I... » | .....foram os dias que abandonámos a si que nos de... » | Delirius Tremens » | o princípio do medo » | a estrada pra nenhuma dor » | Para a Sofia » | febre rima com faible. seja como for, aí vem a noi... »
16.5.06
quanto tempo faz que te esperava a ausência
O AUSENTE
Esse irmão brutal, mas em cuja palavra se podia confiar, paciente face ao sacrifício, diamante e porco montês, industrioso e caridoso, colocava-se no centro de todos os mal-entendidos como uma árvore de resina no frio que não admite misturas. Ao bestiário de mentiras que o atormentavam com os seus duendes e os seus turbilhões, contrapunha as suas costas perdidas no tempo. Chegava junto a vós por atalhos invisíveis, privilegiava a audácia escarlate, não vos contrariava, sabia sorrir. Tal a abelha que abandona o pomar em favor do fruto já escurecido, as mulheres sustentavam-no sem o trair, o paradoxo desse rosto sem traços de refém.
Tentei descrever-vos esse companheiro indelével com que alguns de nós privámos. Dormiremos na esperança, dormiremos na ausência, visto que a razão não suspeita que aquilo a que chama levianamente ausência habita o cadinho na unidade.
René Char
|