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20.12.05
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A água cega e surda mas alegremente não-muda brilhando e borbulhando de encontro ao esmalte claro da banheira. O quarto abafado de vapores mornos, os espelhos embaçados. o reflexo do corpo nu nos mosaicos húmidos da parede.
A moça ri mansamente de alegria de corpo. Suas pernas delgadas, lisas, os seios brotaram da água. Ela mal se reconhece. Estende um perna, olha o pé del onge, move-o terna, lentamente como a uma asa frágil. Ergue os braços acima da cabeça, para o tecto perdido na penumbra, os olhos fechados, sem nenhum sentimento, só movimento.
O corpo se alonga, se esperguiça, refulge húmido na meia escuridão - é uma linha tensa e trémula. Quando abandona os braços de novo se condensa, branca e segura. Ri baixinho, move o longo pescoço de um a outro lado, inclina a cabeça para trás - a relva é sempre fresca, alguém vai beijá-la - Ri de novo, em leves murmúrios como os da água. Alisa a cintura, os quadris, a sua vida.
Imerge na banheira como no mar. Um mundo morno se fecha sobre ela silenciosamente, quietamente.
Pequenas bolhas deslizam suaves até se apagarem de encontro ao esmalte. Ela sente a água pesando sobre o seu corpo, pára um instante como se lhe tivessem tocado de leve o ombro. Atenta para o que está sentindo, a invasão da maré. Que houve? Torna-se uma criatura séria, de pupilas largas e profundas. Mal respira. O que houve? Os olhos abertos e mudos das coisas continuam brilhando entre os vapores. Sobre o mesmo corpo que adivinhou alegria existe água - água. Não, não... Porquê? Seres nascidos no mundo como na água. Agita-se, procura fugir. Tudo - diz devagar como entregando uma coisa, perscrutando-se sem se entender. Tudo. E essa palavra é paz, grave e incompreensível como um ritual. A água cobre o seu corpo. Mas o que houve? Murmura baixinho, diz sílabas mornas, fundidas.
O quarto de banho é indeciso, quase morto. As coisas e as paredes cederam, se adoçam e diluem em fumaças.
Quando emerge da banheira é uma desconhecida. Nada a rodeia e ela nada conhece. Está leve e triste, move-se lentamente, sem pressa por muito tempo. O frio corre com os pés gelados pelas suas costas mas ela não quer brincar, encolhe o torso ferida. Enxuga-se sem amor, humilhada e pobre. Embrulhada no roupão, não querendo olhar, ah, não querendo olhar. Tudo, tudo, repete. Tudo é vago, leve e mudo.
Clarice Lispector
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