principalmente
« Home
30.1.07
Foi o caminho todo aquele silêncio tão desastrado, mas agudo ao ponto de se inscrever na categoria daqueles capazes de rasgar as estradas e as suas árvores negramente, vagamente inúteis. Não se disse uma palavra mas secretamente decorei todas as curvas -as travagens, as maçãs no escuro- para fazê-las na volta, a custo, contigo.
Não entendo quase nada, mas eu no avião, tu no teu furioso carro - e sigo contigo na estrada
que leva a nenhuma dor.
29.1.07
.
.
PS: Paris.
PEDRAS III // há pedras habitadas. Pássaros que não migram/ só para não sofrerem a partida // Esperam um ano a fio pelo regresso dos companheiros JOÃO HABITUALMENTE
.
.
.
ano I
O Calendário Juliano foi instituído por Julio César no ano 46 a.C, segundo as indicações do astrónomo alexandrino Sosígenes, tendo vigorado por 1600 anos. Com a conquista de novos territórios, César sentiu a necessidade de uniformizar o calendário, já que outros eram utilizados pelos povos anexados ao império. O Calendário Juliano foi substituído pelo Calendário Gregoriano a 24 de Fevereiro do ano 1582. O novo calendário foi promulgado pelo Papa Gregório XIII e foi adoptado nos países ocidentais. Na Rússia e em outras zonas de influência cristã-ortodoxa, seguiu-se com o calendário Juliano
.
.
.
.
.
25.1.07
Eu vou procurar um jeito de não padecer
(Porque eu não vou deixar a vida sem viver)
Mas acontece que a Maria Joana
acha que é pobre mas nasceu pra bacana
24.1.07
paragem digestiva #2

do que se sublinha de cada vez que se lê o mesmo livro- Outubro 2005
Some Things, Lawrence Weiner
23.1.07
22.1.07
O coleccionador
Trago comigo a íntima convicção - e a pesada herança- de que, para cada Objecto sobre a terra, há um par que lhe pertence. Passei a vida em busca destas simetrias que tantas vezes se revelaram injustas- pares que surgem antes do original, pares que ainda hão-de vir, pares que nunca se juntarão, pares... que não se encontram.
Tudo tem o seu reflexo. A maçã de mármore que está sobre a mesa-de-cabeceira junto com a fotografia (a preto e branco) de uma mulher de afilados pulsos brancos.
Ainda não encontrei a metade do alfinete-de-peito debroado a ouro que parece ter pertencido a todas a mulheres da minha família.
Oh! meus caros amigos! Porque será que o rio do génio transborda tão raras vezes?*
título: Jovem Werther
imagem: Jovem Francisco Vidal
20.1.07
paragem digestiva #1
(...)
enquanto dormias despenharam-se
três cometas sobre o estuário do rio
revolvendo as águas (...)
e resolvi partir
para fundar outra cidade.
SJ-01, fórmulas, Tiago Araújo
caminhos
a cada pé um cuidado morto
...

.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
. sobre Siza. Malagueira, Évora
19.1.07
As mangas de quem?
Anonymous. Edo period, 17th centuryThe title of this screen — "
Tagasode," meaning "whose sleeves?" — is frequently used for Japanese paintings which hint at the presence of a woman but refrain from actually portraying her. This, it is felt, is more evocative than a literal representation.
18.1.07
dois


Se pourrait-il que la Gilberte de Marcel Proust soit cette petite écuyère surprise
14.1.07
Os olhos não tinham medo nenhum mas eram tristes. Escrevia nas noites dos outros, coisas pelas paredes da rua. Tal qual, soube-o sempre, o seu coração cobarde.
13.1.07
Kleenex
«7. Eis a espada veloz. Chamei-lhe a minha mão no mundo e fui para um bar com não sei quem.»
12.1.07
Kleenex
ainda o meu cigarro ia a meio, já o dia se tinha esfumado.
O rising sun
O Franz West
................................................E quando choramos de pé, plantados quietinhos em silêncio, quando
................................................choramos de pé sem soluçar, as lágrimas fazem ribeirinhos desde os
................................................olhos até à cova. A cova, aquela que fica, orgulhosa como uma jóia, à
................................................boca do peito, entre as duas clavículas. O buraco que confere ao
................................................pescoço e ao corpo de quem o usa, matéria de estátua. Esse buraco
................................................que sempre achei destituido de qualquer função anatómica que não o
................................................caminho para a perdição «Meu Deus, se amo a curva do teu pescoço»
................................................é afinal reservatório doce desses prantinhos quietos, fluentes.
10.1.07

Sólo buscava un lugar más o menos propicio para vivir, quiero decir: un sitio pequeño donde cantar y poder llorar tranquila a veces. En verdad no quería una casa; Sombra quería un jardín.
- Sólo vine a ver el jardín - dijo.
Pero cada vez que visitaba un jardín comprobaba que no era el que buscava, el que quería. Era como hablar o escribir. Después de hablar o de escribir siempre tenía que explicar:
- No, no es eso lo que yo quería decir.
Y el peor es que también el silencio la traicionaba.
- Es porque el silencio no existe - dijo.
El jardín, las voces, la escritura, el silencio.
- No hago otra cosa que buscar y no encontrar. Así pierdo las noches.
Sintió que era culpable de algo grave.
- Yo no creo en las noches - dijo.
A lo cual no supo responderse: sintió que le clavaban una flor azul en el pensamiento con el fin de que no siguiera el curso de su discurso hasta el fondo.
- Es porque el fondo no existe - dijo.
La flor azul se abrió en su mente. Vio palavras como pequeñas piedras diseminadas en el espacio negro de la noche. Luego, pasó un cisne con rueditas con un gran moño rojo en el interrogativo cuello. Una niñita que se le parecía montaba el cisne.
- Esa niñita fui yo - dijo Sombra.
Sombra está desconcertada. Se dice que, en verdad, trabaja demasiado desde que murió Sombra. Todo es pretexto para ser un pretexto, pensó Sombra asombrada.
Alejandra Pizarnik in
Poesía Completafonte
6.1.07
um

